Notícias recebidas nas entrelinhas me afetam, até aqui, nessa distância em que me coloquei protegida.
Posso assistir em minha memória a aproximação da brisa traiçoeira que, sutilmente, se transveste em vento e vai ganhando forças para tornar-se um tufão.
Revivo a emoção da atração do vento, aquele movimento circular poderoso que me atraia para o centro como um liquidificador e me tornava composição do plano de destruição de tudo que se encontrava ao redor.
Sofro por pensar que ainda continuas aí, mas, o pavor das experiências me fizeram entender de que nada lhes valeria a minha presença.
Quem sou contra a força desse vento? Ele sempre nos arrastou junto.
Cansei de recolher os meus pedaços depois da tempestade. Ainda me recupero das ultimas.
Cada vez que o telefone toca, toca nas cicatrizes.
Não mudei o número para não anestesiar.
Preciso reviver mentalmente às tempestades para não me deixar iludir pela brisa que vem dessa direção.
IVANA LUCENA (2013)